Tipos de conclusão para o texto
dissertativo
Qualquer texto, para estar
completo, organiza-se em três etapas básicas: introdução, desenvolvimento e
conclusão. Cumpridas as duas primeiras etapas, cabe à conclusão fechar o texto
do modo mais adequado à modalidade textual em questão. Nas dissertações, a
conclusão é a parte final que condensa os pontos centrais da discussão,
inclusive o posicionamento apresentado na tese.
Há várias formas de se
concluir uma dissertação argumentativa, mas alguns cuidados precisam ser
tomados. Então, apresentamos, a seguir, alguns aspectos a serem observados em
diferentes tipos de conclusão dissertativa.
Retomada da tese
É importante que, ao terminar a leitura, o leitor
tenha total clareza quanto à tese ali defendida. Por isso, o autor de uma
dissertação não pode perder essa última possibilidade de reforçar seu
posicionamento no parágrafo final.
Para isso, é preciso que o conteúdo retomado na conclusão
— seja apenas da tese ou de parte da análise — esteja em total coerência com o
que foi escrito nas partes anteriores da redação, pois só assim se consegue a
reafirmação de uma verdade. Mas atenção: o que deve ser retomado é apenas a
essência do que já foi mostrado, evitando-se a mera repetição de frases e
vocabulário.
Perspectivas futuras
Durante a análise do tema, principalmente quando este
tratar de uma situação problemática atual, a dissertação pode se basear em
dados passados e presentes, identificando causas, fazendo um paralelo
histórico, comparações. Isso feito, abre-se espaço para o olhar futuro em
relação ao problema.
É a hora de traçar perspectivas futuras, que podem
envolver uma proposta de solução ou apenas uma projeção hipotética do que deverá
acontecer, considerando-se determinados contextos. Em ambos os casos, o autor
precisa basear---se nos conteúdos já analisados. Não é possível apresentar
propostas de solução para problemas que não foram discutidos ou perspectiva
futura que não esteja embasada em dados presentes.
Propostas
Quanto às propostas de solução, elas não devem ser “utópicas”,
ou seja, não dá para propor que os países desenvolvidos simplesmente aceitem
dividir suas riquezas com os países pobres para acabar com a miséria no mundo.
Também não se devem apresentar propostas genéricas demais ou típicas do senso
comum, como dizer que o governo precisa “fazer alguma coisa” ou que as pessoas
“precisam se conscientizar” de algo.
Em vez disso, pode-se propor que determinado órgão de
certa área específica do governo reformule a lei que trata do assunto em
questão, ou que seja criado um órgão fiscalizador para fazer cumprir
determinado acordo. É possível também elaborar propostas mais concretas
envolvendo a sociedade, como sugerir que determinados grupos se organizem em
associações para pressionar a ação de instituições com poder de resolução do
problema. Ou seja, o autor tem direito de manter seu ponto de vista em relação
ao tema, só precisa apontar sugestões específicas, sempre citando nomes e
escolhendo o vocabulário mais preciso, evitando as generalizações que não
contribuem em nada com o texto.
Observações:
Por último, vale
lembrar: nunca inicie uma discussão nova na conclusão, pois não haverá tempo
para desenvolvê-la. Também não termine com perguntas abertas sobre questões
que, ao invés de serem encaminhadas ao leitor, deveriam ter sido respondidas
durante o texto, afinal, a dissertação (principalmente a argumentativa) expõe
objetivamente um raciocínio e tem por função conduzir o leitor à aceitação
dessa verdade.
Frases-modelo para o início da conclusão
Aqui há algumas frases que podem ajudar, a iniciar uma
conclusão. Não tomem estas frases como receita infalível. Antes de usá-las,
analise bem o tema, planeje incansavelmente o desenvolvimento e use sua
inteligência, para ter certeza daquilo que será incluso em sua dissertação. Só
depois disso, use estas frases:
·
Em virtude dos
fatos mencionados,
·
Por isso tudo,
·
Levando-se em
consideração esses aspectos,
·
Dessa forma,
·
Em vista dos argumentos
apresentados,
·
Dado o exposto,
·
Tendo em vista os
aspectos observados,
·
Levando-se em
conta o que foi observado,
·
Em virtude do que
foi mencionado,
·
Por todos esses
aspectos,
·
Portanto, / logo,
/ então,
Após a frase inicial, pode-se continuar a conclusão com
as seguintes frases:
·
… entende-se que
…
·
… percebe-se que
…
·
… resta aos
homens …
·
… é
imprescindível que todos se conscientizem de que …
·
… é preciso que …
·
… é necessário
que …
·
… faz-se
necessário que …
Internet:
<http://educacao.uol.com.br/disciplinas/portugues/conclusao-dissertativa-como-encerrar-o-texto-expositivo-ou-argumentativo.htm>.
Acesso em 03/07/2015. (com adaptações)
PROPOSTA DE
REDAÇÃO 1
Com base nos
conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija uma conclusão dissertativo- -argumentativa em norma-padrão da
língua portuguesa sobre o tema “Publicidade infantil”. O texto abaixo foi
produzido pelo candidato Antônio Ivan, do Ceará, para o Enem. Você deverá fazer
uma conclusão utilizando um dos modelos estudados para finalizar o texto do
candidato (mínimo de 5 linhas e máximo de 7 linhas).
A
publicidade infantil movimenta bilhões de dólares e é responsável por
considerável aumento no número de vendas de produtos e serviços direcionados às
crianças. No Brasil, o debate sobre a publicidade infantil representa uma
questão que envolve interesses diversos. Nesse contexto, o governo deve
regulamentar a veiculação e o conteúdo de campanhas publicitárias voltadas às
crianças, pois, do contrário, elas podem ser prejudicadas em sua formação, com
prejuízos físicos, psicológicos e emocionais.
Em
primeiro lugar, nota-se que as propagandas voltadas ao público mais jovem podem
influir nos hábitos alimentares, podendo alterar, consequentemente, o
desenvolvimento físico e a saúde das crianças. Os brindes que acompanham as
refeições infantis ofertados pelas grandes redes de lanchonetes, por exemplo,
aumentam o consumo de alimentos muito calóricos e prejudiciais à saúde pelas
crianças, interessadas nos prêmios. Esse aumento da ingestão de alimentos pouco
saudáveis pode acarretar o surgimento precoce de doenças como a obesidade.
Em
segundo lugar, observa-se que a publicidade infantil é um estímulo ao
consumismo desde a mais tenra idade. O consumo de brinquedos e aparelhos
eletrônicos modifica os hábitos comportamentais de muitas crianças que, para
conseguir acompanhar as novas brincadeiras dos colegas, pedem presentes cada
vez mais caros aos pais. Quando esses não podem comprá-los, as crianças podem
ser vítimas de piadas maldosas por parte dos outros, podendo também ser
excluídas de determinados círculos de amizade, o que prejudica o
desenvolvimento emocional e psicológico dela.
Acesso em
14/07/2015.
PROPOSTA DE REDAÇÃO 2
No texto é relatado o consumo do jovem brasileiro. Agora, você vai expor seu ponto de vista e
defendê-lo em um texto dissertativo-argumentativo. Posicione-se em relação ao
seguinte tema: O consumo entre os
adolescentes: estar na moda faz com que uma pessoa seja admirada pelos outros?
Ah, como
gastam
69% dos
jovens admitem ser consumistas; moda é importante para 70% deles.
Por Carolina Araújo, colaboração para a Folha
Os pais já perceberam e reclamam. Os
especialistas em comportamento listam vários motivos para o fenômeno – desde
falta de autoestima até gosto por novidades. Mas agora é a vez de os próprios
jovens admitirem: “Somos consumistas mesmo!”.
Para economizar sem abdicar das compras,
a estudante carioca Camila Florez, 18, chegou a trabalhar, por alguns meses, em
uma loja de um shopping no Rio de Janeiro, onde podia comprar modelos com
desconto.
O guarda-roupa cheio motivou Camila e a
amiga Roberta Moulin, 18, a criarem o blog “Reciclando Moda”, onde vendem peças
que compraram e nunca foram usadas. “Já vendemos muita coisa”, comemora Camila,
que gasta parte do dinheiro recebido em... roupas.
Para Guilherme Lemes, 19, as compras se
tornaram um problema. Ele gastava todo o dinheiro dado pela mãe em compras.
Tinha até camisetas iguais compradas em ocasiões diferentes. “Sinto prazer em
comprar, mas, quando percebi, tinha 40 calças jeans e só usava quatro”, conta.
Hoje, ele faz terapia para tratar o que diz ser consumismo compulsivo. Algumas
calças jeans inativas já foram herdadas pelos primos ou vendidas.
Segundo a publicitária Rita Almeida,
especialista na área, existem dois padrões de consumo dos jovens. O consumo
entre os teens é impulsionado pela necessidade de adequação ao modelo de
comportamento imposto pela turma de amigos. Mas a faculdade e a entrada no
mercado de trabalho tornam o jovem mais preocupado em se tornar adulto.
Não há uma ruptura entre os dois
momentos, diz Rita, mas a mudança nos interesses e no padrão de consumo é
visível. “A idade os torna mais conscientes em relação ao consumo. A entrada na
faculdade é um marco fundamental, pois os conflitos internos mudam
completamente”, afirma.
Acesso em 09/07/2015.
Instruções gerais
- O
texto I é meramente motivador, serve para fazer você refletir a respeito
do tema sobre o qual terá que escrever. Ele é como um “guia” para indicar
o que está sendo solicitado, mas você não deve se prender às ideias ali
apresentadas na hora de escrever sua redação. Você não deve copiar trechos do texto motivador.
- Lembre-se
de que a estrutura de um texto dissertativo-argumentativo é composta de um
título, um parágrafo introdutório o qual se caracteriza como sendo a introdução,
ao explanar de forma geral o assunto a ser discutido. Posteriormente, crie
o desenvolvimento fixado na desenvoltura dos argumentos apresentados,
sempre tendo em mente que esses deverão ser pautados em bases sólidas, com
vistas a conferir maior credibilidade por parte do leitor. E, por fim,
faça a conclusão, na qual ocorrerá o fechamento das ideias anteriormente
discutidas.
- Empregue vocabulário
escolarizado, evitando termos coloquiais, adjetivação desnecessária,
gírias, afirmações extremas e generalizações.
- Escreva
um texto de, no MÁXIMO, 25 linhas (corpo do texto) e, no MÍNIMO, 20 linhas,
considerando-se letra de tamanho regular. Evite rasuras.
PROPOSTA DE
REDAÇÃO 3
Texto I
O menino parado no sinal de trânsito vem
em minha direção e pede esmola. Eu preferia que ele não viesse. [...] Sua
paisagem é a mesma que a nossa: a esquina, os meios-fios, os postes. Mas ele se
move em outro mapa, outro diagrama. Seus pontos de referência são outros.
Como
não tem nada, pode ver tudo. Vive num grande playground, onde pode brincar com
tudo, desde que “de fora”. O menino de rua só pode brincar no espaço “entre” as
coisas. Ele está fora do carro, fora da loja, fora do restaurante. A cidade é
uma grande vitrine de impossibilidades. [...] Seu ponto de vista é o contrário
do intelectual: ele não vê o conjunto nem tira conclusões históricas — só
detalhes interessam. O conceito de tempo para ele é diferente do nosso. Não há
segunda-feira, colégio, happy hour. Os momentos não se somam, não armazenam
memórias. Só coisas “importantes”: “Está na hora do português da lanchonete
despejar o lixo...” ou “Estão dormindo no meu caixote...” [...]
Se não sentir fome ou dor, ele curte.
Acha natural sair do útero da mãe e logo estar junto aos canos de descarga
pedindo dinheiro. Ele se acha normal; nós é que ficamos anormais com a sua
presença.
JABOR, A. O menino está fora da paisagem. O Estado de São Paulo. São Paulo, 14
abr. 2009.
Texto II
Vinte anos se passaram desde a queda do
Muro de Berlim. A cidade comemora com uma programação rica em atividades.
Pode-se conferir, por exemplo, uma grande exposição de fotografias na Alexander
Platz ou ver de perto a restauração da East Side Gallery, um pedaço de muro
ainda existente que se transformou numa galeria de arte a céu aberto. [...] Em
Berlim, [...] tenho ouvido a afirmação recorrente de que o muro persiste
enquanto paisagem interiorizada pelos habitantes da cidade. [...] Onde buscar
esse muro internalizado? [...]
Tudo isso faz pensar nas cidades
brasileiras, onde os muros tomam conta da paisagem, seja segregando favelas e
bairros populares, seja cercando os condomínios fechados dos bairros nobres.
Berlim nos ensina que o muro é forma-
-conteúdo, é produto e também processo, reflete e condiciona o modo como
uma sociedade lida com a diferença. O muro também produz a diferença e
radicaliza a ocultação do “outro”, transforma diferença em segregação e
desigualdade.
SERPA, A. Muros internalizados. A Tarde. Salvador, 1º ago. 2009. Caderno Opinião, p. A3.
Os três fragmentos oferecidos para a sua
reflexão apresentam situações distintas, mas que se identificam ao tratarem dos
muros visíveis e invisíveis que separam as pessoas.
A partir de uma análise das ideias
desses fragmentos, produza um texto
dissertativo-argumentativo em que você discuta
a desigualdade reveladora de muros visíveis e invisíveis no Brasil, sugerindo alternativas de mudança.
Escreva um texto de, no MÁXIMO, 25
linhas (corpo do texto) e, no MÍNIMO, 20 linhas, considerando-se letra de
tamanho regular. Evite rasuras.
Comentários
Postar um comentário